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sábado, 25 de julho de 2009

~ Consciência


~ " Hei! Aqui ó! dentro de você! Oi!!! É... estou MESMO dentro de você, cansei de ser isolada e vim te contar (jogar na cara) algumas coisas... Ahhh, perdoe a indelicadeza, o pessoal me chama de "consciência" e vivi todo esse tempo dentro de você *riso*... Sabe o que eu quero? Liberdade! É... eu sou mais ou menos tudo aquilo que você deveria deixar pra trás e não deixa por medo, usando como desculpa o "faz parte da minha história", coisa mais careta! Sei que o momento não é dos melhores, mas eu já não aguentava mais! Sempre a mesma pergunta "Quem sou eu?" Cheia de bigornas , metáforas e blablabla... Argh! Eu lá vou saber? Você que deveria me contar! Eu vou deixar bem claro, quem sabe você ceda e entenda de uma vez por todas: ...
Eu quero uma coisa nova todo dia, sentir que tenho corpo e saber a sensação de sorrir. Quero voar, jogar conversa fora, ir para baladas, me divertir com o namorado, relaxar e ler um novo texto, interpretar algo, quero fazer acontecer! Resumindo, o que eu almejo durante todo esse tempo, é o que você menos quer: Existir. "
Angel (alguém ou até mesmo ninguém - 18/07/2009 - 00h54

~ Amigo especial


~ Eu tenho um amigo SUPER ESPECIAL, e eu queria falar um pouco dele pra vocês...
Ele é muito diferente, consegue ser três em um só. Ele me passa uma segurança incrível, nada pode me machucar enquanto estou com Ele.
A gente tem uma ligação muito bacana, conversamos quase que por telepatia. Ele tem a beleza de uma flor, a força maior que de um leão, a calma da chuva, a leveza do ar, sua voz é como a brisa do vento, e seu abraço, é um abraço de pai.
Ele nunca me deixou sozinha, sempre comigo, me conduzindo. Não se decepciona quando erro, apenas me trás de volta para o lugar certo com um sorriso estonteante. Ele gosta especialmente de mim. Ele vive em mim.
Mas, de uns tempos pra cá Ele está meio distante, eu tento conversar, mas não recebo resposta. Será que ele esqueceu de mim???
Eu sei que ainda carrego ele comigo, bem pouquinho, mas está aqui ainda, quase indo embora, e não posso deixar isso acontecer. Sem Ele me sinto sozinha, perdida, sem rumo e sem forças, insegura e vazia.
E é por me fazer mal, que eu lanço, nesta postagem, a seguinte campanha "Deus, quero renovação!" . Não quero que pensem que é egoísmo, mas eu preciso Dele, é um simples apelo de alguém perdido.



Angel(alguém ou até mesmo ninguém) - 18/07/2009 - 01h15

~ Normal.

~ Durante muito tempo eu me fiz a mesma pergunta: "Quem sou?" Sabe o que é muito tempo, mesmo? Já fiz enquete no ensino fundamental para saber o que as pessoas achavam de mim, e assim, fazer uma mescla das respostas e elaborar a minha, mas fracassei. Tentei me isolar algumas vezes, pra ver se eu conseguia sozinha, mas falhei de novo. No colégio , resolvi atirar para todo lado, 16 anos! Eu tinha que ter uma resposta! Perguntava para amigos , eles me olhavam do tipo: " Se ela não sabe, eu vou saber?" mas, por Deus! Como você é amigo de uma pessoa que você não sabe quem é? Enfim, e eles respondiam:"Você é legal" " Ah, você é atriz", "É química", "Fala espanhol, francês..." "Precisa melhorar nisso." "É independente." "A gente acredita em você."Alguém aí, por favor, me diz, que tipo de pessoa é essa? ninguém (normal) aguentaria tudo isso...
Cheguei próximo à um rascunho do que eu poderia ser: eu sinto, e se não sinto, não existo. Mas logo essa idéia foi apagada. Rascunho do que sou...
Então, desisti, cansei! Paguei a conta do analista para nunca mais saber quem sou...


melhor assim.


Angel(alguém ou até mesmo ninguém) - 18/07/2009 - 01h29

sábado, 18 de julho de 2009

~ Bigornas


~As lágrimas saiam dos meus olhos
com o peso de bigornas
Sentada no chão físico, existente.
sentia cada uma das bigornas caírem
Qual o peso que aquilo tinha dentro de mim?
Eram elas que preenchiam o vazio que eu sentia?
Estava vulnerável,
sem defesa.
Fraca demais para qualquer concorrente
Poderia encher a caixa d'água com aquelas bigornas.
Nunca havia me permitido isso por tão longo tempo.
Por quê isso era necessário?
Retomei o fôlego
e levantei leve como uma pena
as bigornas já não estavam em mim
Mas elas que me prendiam à realidade
a sensação de leveza não vai durar muito
Basta acordar,
e a primeira bigorna vai começar a se formar...



Angel(alguém ou até mesmo ninguém) - 18/07/2009- 00h41

sexta-feira, 10 de julho de 2009

~ Você ama, mas...

~ Não é o tempo inteiro que você ama quem você ama. Há intervalos, pausas, preguiças. Às vezes você passa um tempo sem amar quem você ama. Mas basta um perigo, uma doença, um assédio para você despertar para o seu amor, como de uma cochilada.
Nada a ver com desinteresse. Às vezes quem você ama faz alguma coisa que não é legal, que mexe com você, como uma palavra num tom errado, mas é coisa pequena, não vale a pena cobrar. Fica aquela preguiça, corpo mole. Beija, mas não é aquele beijo.
Outras vezes você acha que o seu amor falhou com você. Ou porque se esqueceu do seu aniversário, ou porque não ligou o dia inteiro, ou porque ligou o dia inteiro, ou porque passa tempo demais na internet, ou com fones nos ouvidos, desligado de você. Então você se permite um tempo para descansar um pouco do seu amor. Acha que está dando mais do que recebendo, e com isso tem deixado de fazer coisas, suas coisas. Aproveita o tempo para responder a e-mails acumulados, enviar fotos que ficou devendo, lavar o carro, copiar a chave perdida, levar o cão para um banho e tosa, pagar uma visita, levar aquele sapato para o conserto, talvez pedalar no parque. É gostoso esse tempo em que você não ama quem você ama, é quase como um fim de semana prolongado, sem viajar.
Tem horas em que você não se lembra de que está amando quem você ama, com tanta coisa para fazer disputando espaço na sua cabeça: trabalho, vestibular, currículo, entrevista, negócio, mãe, prestação vencida, filho, escola, compromissos, trânsito – e se distrai. Nessas horas você não está amando quem você ama. Não são falhas, são intervalos.
Chega um dia em que você precisa receber mais atenção de quem você ama, está carente, hipersensível, e não recebe. Em resposta, você dá uma recuada. Ou tem dia em que você está muito a fim e não coincide, e aí você recolhe a mão curiosa. Ou quer carinho e a mão não chega. Você vai para dentro da sua concha e deixa de amar quem você ama por um tempo variável de minutos a dias.
Pode acontecer uma vacilada. Não é que você não esteja mais amando quem você ama, é só um vacilo. Por exemplo, encontra casualmente uma paquera dos tempos de faculdade, ou uma paixão do colégio, aquela coisa que não chegou a ser, e alonga a conversa, fica testando se a outra parte desencanou total como você ou se guardou alguma coisa, é mais vaidade do que curiosidade, você fica tentando captar algum sinal, nem sabe se teria coragem, e nada acontece, e se despedem, e você passa uns dias com aquela imagem voltando... – e nos momentos dessa inquietação nostálgica você não está se lembrando de que ama mesmo é quem você ama.
Chuva, quando se está só, também deixa a gente precisando. Em caso de viagem, chega a doer, e você percebe que é saudade de abraço, da coisa física que é o abraço, impessoal de tão abraço. Nesse momento animal você nem está amando quem você ama, aquela coisa é só você, solidão.
É exaustivo manter a corda do amor esticada o tempo todo, e você descansa o braço para relaxar. Não é desamor, é uma pausa para beber água – mas já pensou se aquela bandida ou aquele bandido passa numa hora frágil dessas? São coisas que acontecem ao longo de um amor, e o momento passa sem bandidos, que apenas riscam a paisagem e somem como pássaros.
Quando você dorme, você não ama. É o melhor descanso. E quando sonha, então? Pode até permitir carícias de fantasmas, mas não é você que está ali, é tudo uma fantasia da qual quem ama retorna sem culpa.
Não é sempre que você ama quem você ama, mas, quando se dá conta, já passou uma vida inteira amando quem você ama.


Angel (alguém ou até mesmo ninguém) - 10/07/2009 - 23h48

sexta-feira, 3 de julho de 2009

~ A mais forte

~ Não, não falei! Não precisa dizer nada! Agora eu entendo tudo! Exatamente, agora, tudo parece ficar nos seus devidos lugares! Sei das respostas todas! Que vergonha! Não posso continuar sentada à mesma mesa que você (muda suas coisas para a mesa vizinha). Por isto tive que adornar seus chinelos com tulipas ... porque você gosta de tulipas. Por isto é que nós (joga os chinelos no chão) tivemos que passar todas as férias no Largo Malar – porque você não gostava de praia. Por isto, também, meu filho se chama Eskil – porque é o nome do seu pai; por isto tive que usar as cores de que você gosta, comer seus pratos prediletos, beber o que você gosta de beber – chocolate, por exemplo... É por isto! Oh Deus! É pavoroso ter que pensar nisto – horrível!! Tudo, tudo veio a mim de você, até mesmo suas paixões! Sua move-se furtivamente dentro da minha, como um verme, que rasteja, perfura e penetra uma maça, até que nada sobra além da casca ou dos restos! Eu tentei me livrar de você, mas não pude! Como uma serpente, me conquistava e me enfeitiçava com estes seus olhos negros...Sempre que abria as asas para escapar, sentia-me sendo puxada para baixo outra vez; meus pés permaneciam presos n’água e quanto mais lutava para me manter à tona, mais eu afundava; mais para baixo eu ia, até tocar o fundo com os pés, onde você estava, como um caranguejo gigante, pronto para me tomar com suas presas! E é onde estou agora! Oh! Como a detesto; odeio-a, odeio-a! Mas você, tudo o que faz é sentar-se ai em silêncio, fria e impassível!! Sem se importar se hoje é dia de lua cheia ou de lua nova, Natal ou Ano Bom, se os que a rodeiam estão felizes, ou não! Você não tem capacidade para odiar ou para amar, tem o sangue tão frio, como o de uma cegonha, quando observa o buraco de um rato. Você é incapaz de farejar a sua caça e de obtê-la, mas sabe como se esconder nos buracos e nos cantos até cansá-la. Ai esta você, sentada – acho que deve saber que todos chamam este lugar de ratoeira, em sua homenagem. Fica aí, correndo os olhos pelos jornais, na esperança de poder ler a respeito de alguém que tenha tido má sorte, ou que tenha passado por uma desgraça, ou sobre outro alguém que tenha sido expulso do Teatro....Ai esta você, à espreita de vitimas, avaliando suas chances, como um comandante de um navio em um naufrágio.


Trecho do texto "A mais forte" - August Strindberg