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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

~(Não) Vá entender...

~ Um domingo às avessas.
Tudo abstrato.
Borrado.
Minha força não chegou em seu destino e me enfraqueceu.
É tempestade nos meus olhos.


Tá vazio, sabe?
Tá pequeno.
Tá querendo chorar.
Tá fraco.
Tá assim...
Tá com fé que é por enquanto.


Angel(alguém ou até mesmo ninguém) - 29/12/2009 - 21h35

~ "when angels deserve to die."


~ Ela foi lançada tão sutilmente no ar que se poderia encarar como um passo de dança, se não fosse o som de seus ossos se quebrando como papelão. Talvez seja minha imaginação, mas penso que naquele minuto pude contar as batidas do coração que restavam. Seus cabelos lisos se espalharam, o que me pareceu irônico, já que eu sempre achei cachos mais poéticos. Mas eu não desistiria, e sua morte seria linda e leve como ela esperava, e eu também. Eu faria poesia.Pensei numa frase feita, e me pareceu clichê. Como descrever as ondas que o próprio vento pareceu contornar ao tom do impacto? Como explicar o reflexo da cor azul gritante sobre o giz da sua pele? E aonde todo o meu amor faria jus ao propósito da coisa? Não posso com dores gritantes, impossíveis de se camuflar. Quero algo como lírios rosados ou o assobiar da maresia, porque não? Como uma raiz branca incrustada na rocha, ela se espalharia pelo céu enquanto o chão corria de seus pés.Assim, parece fácil. Apenas uma bailarina que rodopiava no ar, a bailarina mais linda do mundo.Mas aonde eu esconderia os meus pedaços?
Angel(alguém ou até mesmo ninguém) - 17/12/2009 - 18h23

sábado, 5 de dezembro de 2009

~Criador , cria e atura II

(outra versão, ou continuação, ou A REVOLTA.)
~ ...Após desenrolar o fio do pescoço e pular pela janela para economizar tempo, Sophie chorava por Pierre ter aprendido a lição, os franceses não era mais os mesmos. Caiu no terraço, mas pousou quase delicadamente. Pegou um pedaço de vidro e guardou no bolso. Correu para a garagem, deu a partida na Renault, queimou borracha...
Seguiu para onde sabia que o encontraria...Faculdade, ele era apenas mais um preppie, nada mais...merecia o que ela iria fazer
Pierre ficou com uma baita interrogação na cabeça... Sophie morreu ou não? Até os narradores dessa história discutiram isso... Em todo caso, voltou à biblioteca, onde não havia pessoa alguma, falou algumas coisas e beijou a mulher. Começou a descer às escadas, rumo à saída.
Via Sophie em cada janela... começara descer mais rápido...
Aquilo era um pressentimento ou não passava da culpa dum boêmio?
Sophie resolveu mudar seu destino , foi para o bar mais próximo da faculdade, sabia que Pierre era emotivo e rendia-se fácil à bebida...
Pierre queria beber um pouco. Não que a suposta morte de Sophie fosse motivo para tal... O Bordeaux perdeu para o Borrusia Dortmund... E ele apostara suados euros no bolão da faculdade... Olhou sua carteira e ficou mais irado ainda: Estava sem dinheiro... Voltou mais cedo para casa.
Mas levava uma garrafa de Whisky...mas sabia o pobre, que a bela garrafa havia sido "batizada", Sophie não deixaria de vingar-se...
Pierre estava com uma sede daquelas... A garrafa olhava para ele, ele olhava para a garrafa... Havia varado duas noites para obter uma boa nota na semana de avaliações... Estava muito cansado... Pensou: "Uhn... Se eu beber agora, aí que eu durmo no volante mesmo, as pílulas de guaraná não fazem milagres". Quando chegou em casa, colocou a garrafa sobre a mesa e foi se deitar. Dormiu como estava.
acordara com sede...pensou log ono whisky...tomou um copo, outro e outro...Sophia admirava tudo, espiando pela janela...ouvira o barulho de queda, corpo e copo ao chão, ela rira, não é preciso entrar em detalhes...

vocês sabem...
Alguns homens não se dão bem com arsênico...


Obrigada pela parceria R.W.O.G

~ Criador, cria e atura...

~ "Ela fechou os olhos e esboçou um sorriso ao lembrar que ainda lhe restara uma companhia...
...
O sopro dos vapores urbanos, galhos secos que formavam desenhos na escada, um gato asqueroso e magro sobre o telhado vizinho...
e meras lembranças, elas nunca deixavam-na só e fazia a moça sentir saudade...
...
Talvez fosse o que a mantesse viva naquele lugar esquecido...
ou talvez o sopro supria sua superficial necessidade de respirar, e por isso, e só por isso, vivia.
...Por mais tóxico que fosse. No corpo, aquelas fragrâncias consumiam minutos de saúde. O que dizer então sobre a sua alma... Cada momento que lhe foi negado doía mais que os afirmativos, e eram mais profundos que flechadas, e mais desejados que chocolates durante o Natal, mais estimulantes que qualquer éter noturno...
Ela estava viva, tremendo, de leve, de puro deleite, orgulhosa de ter o medo sob controle
...Mas ainda faltava alguma coisa...
Coisa alguma sempre faltava...
Ela recuperaria o orgulho fatalmente dilacerado?
Ela se sentiria completa ao menos por um segundo ?
o telefone tocara
e estava receosa...
Correu para o armário, abriu suas portas desesperadamente, esbugalhou os olhos, não havia mais uísque, não havia mais barbitúrico, não havia mais faca, tudo fora jogado fora para impedir sua própria aniquilação num momento como aquele. Um dia, aquele telefone tocaria novamente.
...Por que ela se desesperava tanto...
O telefone não bastava ao desejo, o que mais invejava era o que não via...E nesse dia, ela só queria chorar como um poeta do passado e fumar seu cigarro na falta de absinto.
Mas era tudo que possuia. Ela própria esvaziou a casa. Aquele barulho fazia mal como todo o resto, mas ela desejava aquilo... Ai... Como nunca.
o telefone ousara tocar novamente...
Ela o fitou. Queria arremessa-lo contra a parede. Queria engoli-lo. Atendeu:
Alguém do outro lado disse... "É você ainda?".
não tinha forças, nem voz, para dizer ao menos"Alô!"
"É você ainda? Responda-me! Responda-me!".
"É você ainda" aquilo fez ela pensar...era a mesma? tomou ar e disse apenas: "existo, basta pra você?"
Um murmúrio zombeteiro do outro lado. Silêncio.
"Responda-me! Basta?"
"Não é o suficiente. Afinal, por que você ainda parece um zumbificada, vagando errante, foi algo que fiz? Você morrerá desse jeito".
"Algo que você fez?" Queria dizer-lhe tudo, mas ele só a acharia mais problemática "Não...só realizo o seu bem fazendo com que permaneças longe de mim..."
"Permanecer longe de você? O que foi aquilo na sacada, enquanto eu conversava com a bibliotecária? Eram apenas livros!".
"Você precisava fazer aquele escândalo todo? Hein?".
"Por isso disse que estou realizando o seu bem me afastando de você e te afastando de mim..."
"Aquilo não foi bem, você poderia ter caído de lá de cima, oras... Você não quer se afastar de modo algum... Isso é outra coisa".
"não quero fazer isso de novo...manterei distância...carrego comigo a placa de "PERIGO!" , você mesmo disse."
"Fazer o quê?".
"Você me ama?"
"Você e essa pergunta de novo... Não seja evasiva... Pare com isso, você está se destruindo tentando fugir de si mesma".
"Você me ama?" Dessa vez posicionara-se frente a janela, e enrolava o fio do telefone em seu pescoço...
ele podia ouvir o sopro do vento
Pierre escutou o telefone caindo do outro lado... Sentia que alguma coisa errada podia acontecer... Provavelmente Sophie estava tramando alguma coisa... "Sophie? O que você está fazendo? O que quer que eu responda?".
"Eu? Estou só tomando um ar, enquanto não o perco...quero que me diga a verdade, só..."
Pierre já havia passado por aquilo antes. Ela sempre blefava. Mas ainda havia incerteza... Ela estava especialmente seca nesses últimos meses, não estava comendo, não estava conversando, apenas olhava como se aquelas pupilas fossem botes crotalianos. Ele não queria errar. Era um jogo, óbvio. Ou não.
"Sim, Sophie, eu te amo". Ela não podia vê-lo. Ele contava com isso.
o que Sophie mais invejava era o que não via...Sabia que ele estava mentindo, foi-se o tempo em que o amor dominava, apenas disse "Obrigada por tentar, mas não disse-me o que pedi, a verdade" e atirou-se pela janela e deixou uma certeza: o telefone não tocaria mais...
Pierre escutou o barulho. Agora já era. Estava livre. Sophie também, de certa forma. Mas ele estava enganado.
Pierre colocou o telefone no gancho, lamentando-se pelo que aconteceu, mas, na sua cabeça, aquilo não era mais problema dele.




Texto escrito juntamente com um amigo muito especial, que tem minha total admiração... R.W.O.G