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sexta-feira, 29 de maio de 2009

~ A criança que pensa em fadas

~ A CRIANÇA que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em algum ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.

Alberto Caeiro

* Sem inspiração....

quarta-feira, 20 de maio de 2009

~Sobra tanta falta...


~ Falta tanta coisa na minha janela como uma praia

Falta tanta coisa na memória como o rosto dela

Falta tanto tempo no relógio quanto uma semana

Sobra tanta falta de paciência que me desespero

Sobram tantas meias verdades que guardo pra mim mesmo

Sobram tantos medos que nem me protejo mais

Sobra tanto espaço dentro do abraço

Falta tanta coisa pra dizer que nunca consigo


Sei lá se o que me deu foi dado

Sei lá se o que me deu já é meu

Sei lá se o que me deu foi dado ou se é seu


Vai saber se o que me deu quem sabe

Vai saber quem souber me salve

Vai saber o que me deu quem sabe

Vai saber quem souber me salve



Sobra tanta falta - O Teatro Mágico

sexta-feira, 15 de maio de 2009

~ Revendo valores.

~ Hoje revejo valores...
Conceitos e normas sem cabimento.
Preceitos a regularem procedimentos
que anos a fio insisti em preservar.
Perderam o significado, o quê de sagrado...
Tornaram-se fardo, aprisionando e aprisionados.
Guardados num cofre trancadoonde deposito o melhor de mim.
E o melhor de mim seria frutode conceitos padronizados?
Valores atemporais...Herança de ancestrais...
Fui palco de suas (im)posições;
platéia de suas (in)decisões.
enredo de suas (con)tradições,
curvando-me às suas (alien)ações.
Tornamos difíceis as fases da vida
sangrando expostas feridas,quando a dor mais renhida
entra...sem bater.
Testemunhamos acontecimentos.
Os mais diversos e adversos.
O viver!
Quando o embate conflitante faz prevalecera vontade de vencer...
Ou se perder.
Hoje os vejo enfraquecidos,desvalorizados, envelhecidos...
Perderam a garantia e por ironia
agora são espelhos a refletir legados...por mim renegados.
Pobres valores desgastados pela vida
que não puderam acompanhar.
Ultrapassou-os a evolução do tempo
e hoje, sem tempo, coíbem o desejo de mudar.
Liberto-os e me liberto...
Que vão embora!
O tempo corre lá fora
e eu preciso o alcançar.


Angel (alguém ou até mesmo ninguém) - 15/05/2009 - 21h43

domingo, 10 de maio de 2009

~ Alegoria dos porquês

~ O tempo batia as asas. No mundo dela era sempre noite. Mesmo de manhã , o céu permanecia no mais completo breu. Cansada daquela mesmice, passou a questionar os porquês de sua existência e da origem do mundo no qual vivia.Procurava a lógica dos fatos e se perdia em suas próprias explicações.Uma idéia fixa martelava em sua cabeça: precisava sair dali e descobrir se tudo era sempre daquele jeito ou se lá longe, bem distante, haveria uma outra realidade. E pôs-se a caminhar. Todo chão era pouco perto do desejo que a movia.E então chegou numa das pontas do mundo: tudo continuava a ser sempre daquele jeito e lá longe, bem distante, não havia nenhuma outra realidade. Deu a volta e seguiu obstinada. Quanto mais andava mais sentia o tamanhão do mundo. De seus pés brotavam calos. O corpo padecia, descascava, transmutava. E os porquês se tornavam cada vez mais audíveis reverberando nos quartos de seu coração.E no que cruzou o sul, o norte, o leste e o oeste do mundo: tudo continuava a ser sempre daquele jeito e lá longe, bem distante, não havia nenhuma outra realidade. Quanto mais andava mais sentia o tamanhinho do mundo. Não havia mais pra onde ir e seu corpo também não suportava mais acompanhar o ritmo frenético dos porquês de sua cabeça. A massa corpórea dela padecia, pipocava, inchava. Achou que fosse morrer naquele instante e quando olhou de volta para si foi que percebeu a transformação. O corpo dela havia crescido tanto que já não cabia em seu mundo. Com toda aquela pressão, o céu foi rasgando vagarosamente até revelar a luz. Em seu novo mundo era sempre dia. Mesmo de noite, as estrelas garantiam uma luminosidade que ela jamais poderia prever enquanto lagarta andante dentro da caixa ed sapato. Agora era diferente. Ela batia as asas.


Angel(alguém ou até mesmo ninguém) - 10/05/2009 - 20h07


*Inspirado em 'Realejo' - o teatro mágico

~ Folia no meu quarto.


~ O quarto da moça estava em desordem. Mais parecia que, por ali, havia passado um furacão, um vendaval capaz de desalinhar não só fios de cabelo, mas pernas, braços e pensamentos. Caixas coloridas semi-abertas gritavam lembranças - em cartas e cartões postais- das pessoas que foram e também das que ficaram. A moça revirava gavetas procurando - entre pares de meias e folhas de documentos - seu equilíbrio emocional. O colchão encostado na parede descobria outra visão do estrado em madeira repousado na cama que há tanto que há tanto lhe cabia. Atravessou as portas do guarda-roupa na ânsia de dar um fim à sua busca e, dali, só se via as costas dela e, por cima de sua cabeça, voavam calças, vestidos, casacos e nada. Quanto mais procurava, menos encontrava. Folheava álbuns de fotografia, mas os rostos clicados não traziam pinturas, caretas ou línguas de fora. Os livros da estante lhe negavam sujeitos, verbos e predicados enquanto o espelho reclamava sua moldura em preto-e-branco. O faro da moça rastreava cheiros de lápis de cera e margarida; de tinta guache e figurinha auto-colante. Com chave de fenda e martelo em punho, sentou-se no piso e danou-se a descolar os tacos envernizados, pois acreditava que debaixo deles haveria algo que pudesse lhe servir de guia. Apoiava o ouvido esquerdo em pontos estratégicos do pisa na tentativa de identificar ruídos de sorrisos e sinos soando entre vozes e latidos. Quanto mais procurava, menos encontrava. Cada metro quadrado daquele quarto estampava o eclipse emocional da moça em meio a contas telefônicas e imagens sem nitidez. Deu a mão à palmatória, cansou, desistiu. Deitou por cima da pilha de roupas que ali estava e pôs-se a fitar o teto sobre sua cabeça. O lustre redondo alternava contornos em vidro, metal e madeira verde-água. Pensou em quanto tempo fazia que não trocava aquela lâmpada e, já de pé, trepou-se na cadeira mais alta que tinha a fim de desmontar o que ainda restava inteiro naquele quarto. E no que desparafusou o lustre, a luz se fez radiante em feixes espaçados que iluminavam a bagunça , em partes. Um dos raios apontava um disco que a moça pôs pra tocar; outro indicava linha, agulha e retalhos de tecido que ela gentilmente usou para revestir o corpo do espelho resmungão; o outro fazia brilhar a caixinha de música há tempos esquecida e, no que a tampa se levantou, a bailarina pôs-se a dançar por todo o espaço em movimento; e havia ainda outro feixe que refletia os tacos descolados do piso em potes de cola colorida. E assim, cada feixe de luz era um sinal de festa dentro daquele quarto. Quanto mais procurava, mais encontrava folia em cada metro quadrado.



Angel(alguém ou até mesmo ninguém) 10/05/2009 - 15h32


*Inspirado em 'Folia no meu quarto' - o teatro mágico

terça-feira, 5 de maio de 2009

~ Modernidade

~ Mestre Cazuza

Quando fui, quando éramos
Intactos projetos imaturos
Fomos modernos
E nos couberam ternos,
Gravatas e moldura
Cultura e inferno
Fôssemos eternos...
Quando era primeiro
Primeiro certeiro amor
Era indolor querer tudo
E íamos na vida a cada fome
A cada fama
Nos couberam ternos,
Gravatas e moldura
Cultura e inferno
Quando fui, quando éramos
Intactos projetos imaturos
Fomos modernos
Fôssemos eternos...
Quando era primeiro
Primeiro certeiro amor
Era indolor querer tudo
E íamos na vida a cada fome
A cada fama
E a grama era verde...
O nosso vale
E os nossos mil metros de medo...

~ Coisas simples


~ Hoje me senti uma boba...É... Parece que eu sou a única que dou valor pra coisas que, aos olhos dos outros, são insignificantes: Um “como você está?” sincero (porque hoje, já virou clichê, acompanhado pelo “oi”), um sorriso, uma lágrima, uma conversa,um abraço...Dou valor imenso a isso... E parece que as pessoas fazem isso tão naturalmente que virou mecânico...Robozinhos!!!...Pra que sentir? Só se decepciona assim... Sinto, mas decido pela razão...Sentimentos são controlados pela mente, mas não pedem licensa para entrar...Porém, se a mente ta confusa, conseqüentemente, gera confusão ao sentimento, cabe ao “coração” decidir...Odeio quando pessoas jogam fora possibilidades de alegrar o dia com uma mensagem no celular de “bom dia!”, ou um sorriso...Poxa... quer forma mais expressiva???
São o que ? seres humanos ou robôs??? Não respondam...rs*
Melhor eu nem perguntar o que sou...



Angel(alguém ou até mesmo ninguém) – 05/05/2009- 21h12

~ Até onde vale a pena?


~ Hoje eu parei para pensar e decidir coisas, principalmente coisas de amizade...Questionei-me valores e caráter... Como se fosse adiantar alguma coisa... Tentei 1,2, 3 vezes! Cansei... Tentei ajudar. Juro! Não foi por mal... Não me escuta... Parece pensar outra coisa... Não existe!
Se só a minha pessoa tivesse no jogo eu nem me importaria, mas e as outras pessoas??? Eu e minha maldita mania de pensar nos outros... Nem se importa quando preciso, arranja outra coisa pra fazer, não me olha nos olhos e ainda viras as costas pra mim...Fico irritada e ainda estou
errada!
Decidi que, agora, eu quero que você se dane! Você e suas malditas frases formadas, pensamentos insanos, e sabedoria plastificada... Prometi que seria o último aviso, talvez as pessoas que no assunto eu tratava, fiquem contigo ainda...mesmo sendo descaradamente usadas...
Mas
eu não vou sustentar o peso de uma culpa que não tenho...


Angel(alguém ou até mesmo ninguém) – 05/05/2009 – 20h42
* De você, eu não espero nem mais dignidade...*

domingo, 3 de maio de 2009

~Um dia tudo vai mudar...(ou Um pouco mais de mim II)


~ Ela passa o dia de pijama, faz comidas não-saudáveis, não sai do computador e só escuta mpb e rock japonês; ela assiste filmes infantis, chora com propaganda de detergente, escreve textos sem sentido e quase joga o celular pela janela; ela procura um motivo decente, desarruma o quarto, anda pelos mesmos lugares o tempo todo e pede pra não sonhar; ela não põe brinco, lê livros difíceis, esquece de estudar e odeia o branco do céu; ela se desespera ao abrir os olhos, respira fundo três vezes, se lembra que era só um sonho e deseja um pesadelo da próxima vez; ela chora e ri da sua idiotice, lava o rosto, passa um perfume e se promete que tudo isso vai passar; ela consegue ser feliz e triste ao mesmo tempo, esquece de acreditar em Deus, reza mesmo não acreditando e dorme pra não ter que pensar; ela assiste a si mesma o tempo todo, tem raiva de tudo, canta ao lado de amigos e desiste de deixar pra lá; ela tenta se convencer o tempo todo, um dia ela vai mudar, um dia tudo vai mudar.





Angel(alguém ou até mesmo ninguém) - 03/05/2009 - 11h31



~ Siga.

~ E derepente toda a música se acabou,
como se tivesse acabado a energia.
A energia, a alma, a vontade de ser, o pavor...
Sim, o pavor também se fora.
Acabaram-se as coreografias
e ela não poderia viver sem melodia.
As luzes apagaram-se
e as ruas estavam vazias,
Ao seu lado
apenas sombras de casas,
sobrados, e aluz da Lua
que já dava o seu "Adeus".
Seu medo voltara,
Como sobreviveria?
Improvisava saltos
a natureza (nas poucas árvores nascidas no concreto)
encarregava-se do ritmo.
Ela seguia sem saber pra onde
ou porquê
Era guiada e coreografada pelo medo.
Ia sempre na direção em que seu medo aumentava...



Angel(alguém ou até mesmo ninguém) - 02/05/2009 - 22h54

~ Futebol!

~ Final de Paulistão, e 'curíntia' foi campeão...
Primeiro tempo, coisa linda! Sem muitas faltas, santos fez seu primeiro gol, e logo em seguida, veio o 'curíntia', ótimo...EMPATE! intervalo.. E começa o segundo tempo!
O que antes estava em paz, virou-se guerra... Do futebol, passou pra uma luta livre!...Se bem que, corinthias sem porrada, não é corinthias ...Aguentei, gritei, surtei...
Por fim, todos vivos, alguns feridos... e 'curíntia' campeão com o seguinte grito "É festa! É festa na favela!" Assumiram-se...
Subiu-se a taça, caiu-se chuva de prata, e lançaram-se fogos... Por um instante, imaginei a caixa onde subia-se a taça, capitão e presidente do corinthians pegando fogo, falei, soltei, e feito!

Pessoas virando 'homem chama', me preocupei, mas passou, ri... muito!...

Ainda existe futebol???

Me desculpem os corinthianos... Post realizado por uma santista roxa!...

Parabéns ae!

Angel (alguém ou até mesmo ninguém) - 03/02/2009 - 18h55

~ Não pense em mais ninguém.

~ Contrariada
Desconfortável
mascarada,
Incontrolável
Como se um copo
tivesse arrastando um corpo
Descobrindo quando você anda mal acompanhada
Sufocada
Impenetrável
Manipulada,
Indesejável
Pra quê tantos livros em sua estante?
Tente guardar um instante
pra nao se sentir tão mal-amada
Seus presentes não valem tanto assim...
Suas historinhas não são tão boas assim
Vê se entende agora
Faz a mala e vai embora
Não!
Não pense em mais ninguém
Ficou fácil agora
Põe esse cara pra fora
Não!
Não pense em mais ninguém.



Angel(alguém ou até mesmo ninguém) - 03/05/2009 - 18h40

sábado, 2 de maio de 2009

~ Qualquer coisa aí.

~ Siga um plano. Faça o que você sabe que é certo, não o que você sente que deve fazer. Não pense muito; use os momentos de solidão para dormir, ler; ter algo em que se concentrar; sorria mesmo sem vontade. Não guarde nada, grite com tudo que te estressar e chore com tudo que te fizer triste, menos aquilo; menos aquilo. Deixe rolar; não gaste tempo se decidindo, espere que as coisas aconteçam. Não fale sobre nada que você não queira lembrar. Tente agir como se nada estivesse acontecendo dentro de você. Tome um rumo; estude, saia, pergunte como todos estão. Seja você mesmo, mas não por inteiro. Se for pra chorar, chore sozinho.Com o tempo, as coisas mudam de foco.

(Pelo menos 3 dias longe daqui.)


Angel (alguém ou até mesmo ninguém) - 02/05/2009 - 10h30

~ Crise.

~ Não é justo. Há algum tempo, eu escrevia mil textos sobre você, fazia um esforço absurdo para não procurar saber da sua vida, e chorava por qualquer coisa que me fizesse lembrar dos velhos tempos. Eu daria o mundo por uma palavra sua. E, durante todo esse tempo, você me ignorou como só você sabe fazer. Você fazia questão de me mostrar como eu só aparecia na sua mente de vez em quando. Eu perdi muita coisa, enquanto me escondia atrás de mim mesma, muita coisa que eu poderia ter aproveitado, coisas que poderiam me fazer mais feliz. E eu não vi nada disso. Eu só via você. Eu não via quanta gente eu tinha do meu lado. Só via como você estava longe, e como isso fazia parecer que eu era a pessoa mais sozinha do mundo.Eu fiz um esforço enorme e abri meus olhos de novo. Me lembro dos primeiros sorrisos de verdade, dos primeiros abraços que eu me permiti sentir; cada um deles era um presente valioso. Do alívio ao perceber que a pior parte tinha passado, eu sobrevivera a ela. E que, pedaço por pedaço, eu ia ser capaz de me reconstruir.
Foi isso que eu fiz. Reencontrei cada estilhaço, e por alguns eu tive que ir muito longe. Nessa parte você ajudou, se mantendo distante. E agora, que eu estou quase inteira, que eu coloquei o meu ponto final na nossa história, você volta desse jeito. Não é justo. Não é justo que eu chore por você de novo depois de todo esse tempo. Vai embora, para qualquer lugar, para o lugar de onde você veio, eu não quero sentir esperança de novo. Eu não sou um brinquedo de montar e desmontar, não vou me reconstruir tão facilmente dessa vez. Vai embora, por favor. Eu não quero viver pela metade, eu quero tudo, quero viver por inteiro. Eu quero ser feliz. Foda-se de quem eu gosto ou não gosto. Ao inferno com o amor que eu sinto por você. Eu quero ser feliz.
Por favor, me deixa. Você tem outras. Eu não tenho ninguém. Eu estou sozinha. Me deixa.



Angel (alguém ou até mesmo ninguém) - 02/05/2009 - 04h53

~ Bobagens da TV.

Foto: Angel


~ Chegou a noite e eu podia escolher entre dormir ou assistir televisão, escolhi fazer algo que não fazia há muito tempo (não foi dormir)...assistir TV, e infelizmente fiz a escolha errada. Ví que ou eu estava totalmente alienada ou o mundo estava de cabeça para baixo,ou os dois. "Você tem amigos? Se não, este 'serviço' pode ser contratado!"... Sim! Você paga para ter amigos! O que mais me surpreendeu foi o que veio a seguir: " É tímido? Não se dá bem na balada? Aprenda a conquistar as mulheres com 'personal paquera' " Para mim, foi o cúmulo, ensinar técnicas e achar que as mulheres são todas iguais. Perdeu-se a originalidade, a essência, o diferencial. Pessoas que venderiam a mãe por dinheiro, tudo isso pela placa de recepção que nós e todo o mundo carrega "Bem - vindo ao capitalismo!"

Cada vez fica mais claro que em pouquíssimo tempo encontraremos pessoas sendo vendidas em lojas de um real....





Angel (alguém ou até mesmo ninguém) - 01/05/09 - 23h58

sexta-feira, 1 de maio de 2009

~ A última lágrima.

~ A avenida infestada de carros à sua volta não era nada; apenas algumas poucas luzes perdidas. Os sons se misturavam com as frases que cismava de repetir na própria cabeça, para si mesma; era preciso se convencer. O frio cinza-gelo dos vidros dos carros piorava cada vez mais; misturado com o ar gélido que ventava contra seu rosto, inchando seus cabelos; ela não se importava. Andava no meio da rua movimentada, não sem medo, mas sem a menor percepção das coisas; sentia o freio de carros próximos, mas não diminuía o passo, sequer virava os olhos; não que tivesse fé. Apenas indiferença. A raiva subia-lhe aos olhos, despencava-lhe o estômago; seguia, sem parar pra olhar pros lados, atravessando em faróis abertos; os braços nus arrepiados, as mãos dormentes; mas ela não sentia frio. Ela não via nada, não queria nada; apenas sentia o rastro de raiva que deixava em cada passo marcado no chão. Sua mente a elevava aos céus; naquele rosto no banco dos réus, uma expressão de sonho no rosto, era tudo que ela precisava; nada importava mais. Era a culpa, de alguém que tinha o seu amor; que pesava mais que chumbo em suas costas.. uma culpa que não era sua.. uma culpa que devia lhe causar repulsa, e não raiva de si mesma por não deixar de amar. Seus olhos se avermelharam, era a hora; sempre chegava a hora. Uma lágrima caiu. E aos céus mal iluminados ela prometeu que seria a última.
Sentiu a avenida brilhar aos seus pés, reverberando a emoção que sentia; não era felicidade, talvez apenas a energia que provinha da promessa que acabara de fazer... talvez a expressão exata da vontade que sentia, de afundar naquele infinito do céu e espalhar lá de cima o amor que transbordava em suas veias em forma de luz.
Quem sabe assim ele não acabasse de vez? Quem sabe ele não se esvaísse em suas promessas? Ela sabia que sim, ele iria; deixaria suas cicatrizes fundas, mas iria... e ela sorriria e cantaria pra quem quisesse ouvir, aquela música que tanto sonhou em realizar; 'ali onde eu chorei, qualquer um chorava; dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava'.
Quem sabe assim, ele já não acabou de vez?



Angel (alguém ou até mesmo mninguém) - 01/05/2009 - 16h07