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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

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~ E ao olhar pra trás ela viu que nada era como antes. Tentou rir-se de seus acessos nostálgicos repentinos, mas o gosto amargo amarelou a tentativa. Percebeu que tudo em que apostava a eternidade desmanchava-se facilmente com o tempo, ou um obstáculo qualquer; a distância, uma discussão, uma mágoa.. O passado bateu de frente, e, com medo, ela olhou para o futuro e amedrontou-se mais ainda.
Quantas mudanças a esperavam, quantas travessuras do destino ainda teria de enfrentar? O que seria dela alguns míseros meses depois daquele dia? Quantas pessoas ainda iria ter? O vulnerável do ser humano pareceu mais claro diante dessas perguntas; tudo podia ser destruído, com um mero acidente; assim como uma brasa dá origem a um incêndio que toma tudo sem pedir licença. O reconhecer do presente tem um valor inexplicável às vezes, conforta. Agora eu estou bem, agora nada de mal acontece, agora estou longe de tudo.E o agora diz, que esperanças existem; quem sabe daqui a uns anos ela poderia se acostumar? Quem sabe pudesse encarar o passado de frente, sem refugiar-se em destinos infundados? Quem sabe seria fácil dizer que viveu o bastante, mesmo sem nunca ter sido o bastante?Covarde como era, optou pela fuga mais fácil: decidiu não pensar mais nisso; e afastou os pensamentos verdadeiros, trocou-os por alguns mais simples, menos dolorosos, menos dignos. E achou que se sentia em paz.

Era o suficiente.

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